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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Samuel Schwarz - Historiador e Arqueólogo por Joao Medina




Samuel Schwarz (1880 – 1953). Judeu português,
historiador e arqueólogo

Joao Medina
Professor catedrático jubilado de História
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
joaomedina@netcabo.pt

Resumo
Samuel Schwarz, nascido na Polónia em 1889 e falecido em Lisboa em 1953, engenheiro licenciado na Escola Nacional de Minas de Paris (1904), depois de exercer funções de pesquisa mineral em vários países (Cáucaso, Ajerbaijão, Espanha, Polónia, etc), veio a Portugal desde 1915, pesquisando jazidas de volfrâmio, em Vilar Formoso, e estanho, em Belmonte. Nesta localidade da Beira Baixa teve a oportunidade de descobrir uma comunidade de cripto-judeus que tinham vivido na clandestinidade religiosa desde a expulsão dos judeus em Portugal (1496) decidida por D. Manuel. Dessa descoberta resultou um livro notável, que editou em 1925, prefaciado pelo médico e professor Ricardo Jorge, intitulado Os Cristãos Novos em Portugal no séc. XX , do qual se fizeram traduções em francês, hebreu, inglês e italiano. Arqueólogo e erudito, este judeu polaco naturalizou-se português em 1939, ano em que doou ao Estado a antiga sinagoga de Tomar, do séc. XV, que comprara e transformara no Museu Luso-Hebraico de Tomar. Foi ainda uma figura relevante da comunidade judaica de Lisboa, da qual foi parnass, desde 1912, Moisés Bensabat Amzalak, figura ligada ao Estado Novo, tendo sido procurador à Câmara Corporativa e administrador dO Século . Schwarz publicaria ainda uma primorosa tradução do Cântico dos Cânticos (1942) em português, com belas ilustrações de João Carlos, além de outros estudos de arqueologia e história, deixado uma extensa biblioteca com vários incunábulos, além de 10.000 livros raros de temática judaica, pertencente hoje à Universidade Nova de Lisboa.

O livro Os Cristãos Novos em Portugal constitui uma surpreendente pesquisa em torno de uma comunidade clandestina de judeus na cidade beirã onde nascera Pedro Álvares Cabral, praticando a sua fé sem qualquer apoio sacerdotal nem dispondo de livros, perpetuando a sua prática secreta religiosa mesmo para além da extinção da Inquisição no séc. XIX e da erecção de uma sinagoga em Lisboa, em 1904, seis anos antes da proclamação da República. O livro de Schwarz faz o levantamento de uma comunidade secreta de de “cristãos novos” que judaizavam, embora perseguidos que foram até ao liberalismo pelo Santo Ofício, recolhendo este estudioso judeu muitas orações de vítimas na fogueira. Esta importante obra teve repercussão mundial, graças sobretudo ao estudioso inglês Cecil Roth (1899-1970), na sua História dos Marranos (1931).

Ainda quanto ao livro principal de Samuel Schwarz, convém recordar que, cerca de 40 anos depois, António José Saraiva (1917-1993) publicaria uma obra, Inquisição e Cristãos-Novos (1969), na qual incluía as severas reprimendas críticas que dirigiu Israel Salvator Révah (1917-1973) quanto à ideia daquele intérprete marxista da nossa história segundo o qual a “raça judaica” lusa fora inventada pela Inquisição, sendo esta uma verdadeira “fábrica” de “cristãos novos”, para a eliminar uma casta da burguesia nascente que o tecido social feudal não podia tolerar. Révah lembrou então que Saraiva nunca fora à Torre do Tombo consultar os milhares de processos inquisitoriais incriminando os marranos, lacuna bastante grave. Alguns anos mais tarde, o sempre delirante Saraiva, abjurando do seu marxismo inicial e do seu maoísmo posterior, tornar-se-ia um entusiasta admirador de Salazar: veja-se o seu artigo na revista Expresso , em 1989.


Abstract

Samuel Schwarz was born in Poland in 1889 and died in Lisbon in 1953. He was an engineer graduated from the National School of Mines in Paris (1904). After carrying out mineral research in several countries (Caucasus, Ajerbaijão, Spain, Poland, etc.), came to Portugal in 1915, researching tungsten deposits in Vilar Formoso and tin in Belmonte. In this municipality of Beira Baixa he had the opportunity to discover a  crypto-Jewish community that had lived in clandestinity since the expulsion of the Jews in Portugal (1496) decided by the King Manuel I.

This discovery resulted in a remarkable book, which was published in 1925, prefaced by the doctor and professor Ricardo Jorge, entitled The New Christians in Portugal in the 20th century , from which translations were made into French, Hebrew, English and Italian. Archaeologist and scholar, this Polish Jew became Portuguese in 1939, the year in which he donated to the state the old synagogue of Tomar, from the 15th century, which he had bought and transformed into the Luso-Hebrew Museum of Tomar. He was also an important figure in the Jewish community of Lisbon, of which Moses Bensabat Amzalak, a figure linked to the Estado Novo, had been a proxy for the Corporate Chamber and administrator of O Século since 1912. Schwarz would also publish an exquisite translation of the Song of Songs (1942) into Portuguese with beautiful illustrations by João Carlos, as well as other studies of archaeology and history, leaving an extensive library with several incunabula, in addition to 10,000 rare books on Jewish themes, belonging today to the Universidade Nova in Lisbon. The book The New Christians in Portugal is a surprising survey of a clandestine community of Jews in the city of Beira where Pedro Álvares Cabral was born, practicing his faith without any priestly support or books, perpetuating his religious secret practice even beyond the extinction of the Inquisition in the 19th century and the erection of a synagogue in Lisbon in 1904, six years before the proclamation of the Republic. Schwarz's book surveys a secret community of "new Christians" who were Jewish, although persecuted, who went as far as liberalism by the Holy Office, gathering this Jewish scholar many prayers of victims at the stake. This important work had worldwide repercussions, thanks above all to the English scholar Cecil Roth (1899- 1970), in his History of the Marranos (1931). Still in relation to Samuel Schwarz's main book, it should be remembered that about 40 years later António José Saraiva (1917-1993) would publish a work, Inquisition and New Christians (1969), which included the severe reprimands directed by Israel Salvator Révah (1917- 1973) regarding the idea of that Marxist interpreter of our history according to which the "Jewish race" of the Portuguese had been invented by the Inquisition, this being a true "factory" of "new Christians", to eliminate a caste of the nascent bourgeoisie which the feudal social fabric could not tolerate. Révah then recalled that Saraiva had never been to the Torre do Tombo to consult the thousands of inquisitorial proceedings incriminating the Marranos, a rather serious shortcoming. A few years later, the always delirious Saraiva, abjuring his initial Marxism and his later Maoism, would become an enthusiastic admirer of Salazar: see his article in Expresso magazine in 1989.

Samuel Schwarz, judeu nascido na Polónia em 22-II- 1880, naturalizado português em 1939, foi uma das figuras mais marcantes da vida cultural da sua comunidade como historiador, arqueólogo e ainda tradutor do Cântico dos Cânticos (1942)do hebreu para a língua portuguesa, sendo ainda de assinalar a sua actividade como engenheiro de minas, labor que o trouxe a Portugal, em Novembro de 1914, trabalhando nas exploração do volfrâmio em Vilar Formoso e estanho em Belmonte.

1 Ilustrador João Carlos, com um estudo histórico literário do Cântico dos Cânticos , pp. 11-38, texto do C. dos C., pp. 39-78 na trad. de S. Schwarz, e transcrições de diversas traduções portuguesas do C ., de autoria de João de Deus, p. 103, J. Coelho de Carvalho, p. 104, F. Guimarães Fonseca, p. 105-6, Múcio Teixeira, pp. 106-7, Pe. B. Cabral, p. 108, Abade J. Rodrigo de Almeida Caeiro, pp. 109, António Pereira Coutinho, p. 110, J. Ferreira de Almeida, p. 11, Samuel Maia, p.11-12 e Antero de Quental, p. 112 (soneto “A Sulamita!”) além de uma nota de autoria do ilustrador João Carlos, pp. 83-84.


Licenciado em Engenharia de Minas na Escola Nacional Superior de Minas de Paris (1904), trabalhou depois como engenheiro de minas em diversos países, no Cáucaso, no Azerbaijão, na Polónia, na Itália. Casou-se em 1914, em Odessa, com Agatha Barbasch, filha do banqueiro Samuel Barbasch. Impossibilitado, devido ao estalar da Grande Guerra, de continuar no Oriente, dirige-se para Portugal, onde acabaria por se fixar, falecendo em Lisboa em 10 de Junho de 1953. Schwarz tornar-se-ia depressa uma figura relevante da pequena comunidade judaica em Portugal, liderada por Moisés Bensabat Amzalak,2 professor universitário, economista e figura de destaque na vida lusa, favorecido ainda pelas suas estreitas relações com Oliveira Salazar, frequentador, no período logo após a Grande Guerra, de uma tertúlia de especialistas de economia, o que facilitaria o bom relacionamento entre o ditador português e a referida comunidade judaica, fundada em 1912. A longevidade de Moisés Amzalak, falecido em 1978 com 85 anos, ajudá-lo-ia a estabelecer excelentes relações entre o judaísmo oficial português e o nosso regime da Ditadura. Já a comunidade judaica do norte, dinamizada pelo supracitado Ben Rosh, se mostrara avessa ao regime salazarista.

2 Moisés Bensabat Amzalak (Lisboa, 1992 – Lisboa, 6-VI-1978) foi professor universitário, administrador dO Século , da Associação Comercial de Lisboa, procurador à Câmara corporativa do Estado Novo, parnass (líder) da comunidade israelita de Lisboa desde que esta foi criada em 1912, mantendo-se em exercício até ao 25 de Abril de 1974. Autor prolífico de obras sobre economia e história do judaísmo luso, Amzalak foi ainda activo na resgate de judeus europeus exilados durante a segunda guerra mundial através dos “comboios do volfrâmio” com origem em Berlim e destino ao nosso país, graças ao apoio que Francisco Leite Pinto, director do caminho de ferro da Beira Alta, no sentido de acolher refugiados judeus no nosso país. Amzalak foi padrinho de casamento de Artur Carlos de Barros Basto (Amarante, 1887 – Porto, 1961), conhecido como Abraão Israel Ben Rosh, militar e impulsionador da comunidade judaica do Norte, tendo dirigido a revista Ha-Lapid (O Facho ) de 1927 a 1958, além de ter lançado o projecto de construir uma sinagoga no Porto, para a qual comprou na capital nortenha um terreno em 1928, na Rua Guerra Junqueiro. Atacado por sacerdotes católicos e mesmo ostracizado, além de condenado pelo tribunal, como vítima de uma campanha de descrédito lançada pela Ditadura salazarista, acabaria afastado do exército em 1937. Sobre a vida desta figura judaica veja-se o estudo de Vila Nova & Baptista (1993).


A acção cultural de Schwarz traduzir-se-ia num longa e valiosa actividade que podemos sintetizar em estudos relevantes nos domínios da história e da arqueologia, bem como na criação do Museu Luso-Hebraico de Tomar. Em 1923 Schwarz comprara o edifício da antiga sinagoga do séc. XV, dessa terra, fazendo doação ao Estado português, em 1939, do antigo templo que entretanto reabilitara, sendo nesse mesmo ano que o engenheiro judeu polaco foi naturalizado português. Quanto aos estudos que publicou, salientemos como obra de inegável valor Os Cristãos novos em Portugal no séc. XX (v. Schwarz 2010), o volume Historiadores da Moderna Comunidade Israelita de Lisboa (v. Schwarz 1959), Anti-Semitismo , de colaboração com Leon Litwinski, de 1944 (v. Schwarz & Litwinski 1944), e, por fim, a sua tradução do hebraico para português do Cântico dos Cânticos Lisboa, 1942, com diversos desenhos de João Carlos Celestino Gomes.3


3 Sobre o médico e artista plástico João Carlos Celestino Gomes (5-X-1899 – 11-XI-1960), veja-se o vol.XXVIII do Arquivo do Distrito de Aveiro , 1962, dedicado a este artista. Vide também Augusto (1944), com muitas reproduções dos desenhos de J.C., nomeadamente no Cântico dos Cânticos . Veja-se também o catálogo João Carlos (Gomes, 1991), com muitas ilustrações de J.C. a cores e a p. e b. Ver ainda o artigo de Mariz (2008-2009).


Na revista Ver e Crer , publicou ainda diversos artigos de temática histórica luso-judaica: “O Sionismo no reinado de D.João III”, “Origem do nome e da lenda do Preste João da Índia”, “Quem eram os emissários que D.João II mandou em busca do Preste João”(1946). Falecido em 1953, Schwarz deixou uma extensa biblioteca com cerca de 10.000 livros e 32 incunábulos, que foi comprada pelo Estado para ficar no Museu de Tomar, embora acabasse finalmente por ser confiada à biblioteca da Universidade Nova de Lisboa, onde estava recentemente ainda em inventário e catalogação e, neste momento, já pode ser consultada4

Em 1959 saiu a obra Histórias da moderna Comunidade Israelita de LisboaEm 2008, o Museu Judaico de Tomar abriu uma sala em honra de Samuel Schwarz. Em 2018, a Universidade Nova de Lisboa, em parceria com a Assembleia da República, organizou uma exposição intitulada A Biblioteca de Samuel Schwarz, espelho de uma vida , que esteve patente na Assembleia da República5

4 Com o intuito de valorizar o acervo, a Universidade Nova desenvolveu um projeto de investigação destinado a disponibilizar os seus conteúdos (2015-2016). Neste momento, o fundo pode ser consultado presencialmente, mas também se pode aceder ao catálogo através do sítio Web da Biblioteca Mário Sottomayor Cardia. Há, também, algumas obras digitalizadas.

5 As imagens inseridas no presente artigo são propriedade da Universidade Nova de Lisboa 
e, através do projeto “A biblioteca Samuel Schwarz: preservação, valorização e estudo”, são gentilmente disponibilizadas para fins académicos.
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1. Análise do seu estudo Os Crist ã os-Novos em Portugal. O prefácio de
Ricardo Jorge

O estudo de S. Schwarz sobre Os Cristãos-Novos em Portugal é precedido de um interessante e expressivo prefácio do médico e professor Ricardo Jorge,6 intitulado “Pro Israel” (Schwarz 2010: 15-35), texto muito bem escrito, além de revelador de um profundo conhecimento da história dos judeus portugueses. Neste prefácio, o médico confessa-se cristão, embora simpatizando com o hebraísmo nestes anos em que o “Leão de Judá alçou tanto as falcadas garras e sacudisse com tanta altivez a juba”(15), tempo no qual o povo eleito procurou regressar da diáspora à sua pária primitiva, cumprindo o preceito consagrado na oração tradicional da Páscoa judaica – “Para o ano em Jerusalém” (18) –, regressando ao país há tantos séculos perdido, tendo tido em Eleazar Ben Jehuda, o restaurador do hebraico como língua para ser falada no dia-a-dia por um povo ressurrecto, “o maior milagre de Israel moderno”, como diz (19). E o trota-mundos Ricardo Jorge conta como viu uma vez, junto da porta de Jaffa, num cinema em Jerusalém, um cartaz anunciando em hebreu um filme de Charlot (20).

Este prefácio mostra até que ponto Ricardo Jorge está ao par da cultura judaica, referindo o desgraçado Uriel da Costa (18 e 22), Espinosa (23) e Samuel Usque (18), Bialik (21), Israel Zangwill7 (20), Leão Hebreu e Isaac Pinto (22), Ribeiro Sanches (23), etc. Recorda ainda Ricardo Jorge os nomes dos mais abalizados estudiosos do judaísmo português, como António Baião, Joaquim Mendes dos Remédios e Lúcio de Azevedo (25), lembrando ainda o grande jesuíta judeófilo António Vieira (21), além do romancista Camilo, biógrafo do grande dramaturgo queimado pela Inquisição, António José da Silva (23). Por outro lado, embora confessando ter sido educado no cristianismo, o médico conta que teve uma vez de se encontrar na estação de Utreque com um professor, para entregar a um colega uma carta que um universitário, aliás de sangue israelita, o recomendava, entre outros sinais de reconhecimento, como um português que tinha “lair dun rabbin ” (24). Esclarece-nos Ricardo que em Portugal havia tanta gente com “costela mendinha de judeu” que era banal qualquer luso ter esse ar (24).

6 Ricardo de Almeida Jorge (Porto, 1858 – Lisboa, 29-VII-1939), médico, investigador e professor de Medicina. Tendo começado por se especializar em neurologia, tendo estudado em Estrasburgo e Paris – aqui assistiu às lições de Jean-Martin Charcot –orientou-se depois para a saúde pública, no âmbito da qual teria acção levante no combate à peste bubónica (1899), sendo transferido para a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, participando na capital na organização da Assistência Nacional aos Tuberculosos, sendo encarregado em 1903 de organizar e dirigir o Instituto Central de Higiene, conhecido desde 1929 como Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, organizando em 1908 a luta contra a pandemia de gripe conhecida como pneumónica ou Gripe Espanhola. Na sua vasta bibliografia há estudos sobre arte, literatura, história, etc. Em 1950 a C.M. de Lisboa homenageou este médico com o nome duma rua em Alvalade. 

7 Sobre I. Zangwill, autor que visitou Portugal em 1913 com o fito de obter do governo da República a concessão de uma região angolana para ali instalar os judeus perseguidos na Europa de então, veja-se o nosso estudo Medina (1990). Veja-se ainda, de colaboração com Joel Barromi, o nosso artigo Medina & Barromi (1991).


Quanto ao livro que o médico prefacia, define-o este como uma selecta de “flores escondidas como violetas abafadas pelo matagal” (26), uma vez que recolhe dos cripto-judeus de Belmonte e outras terras da Beira e de Trás-os-Montes inúmeros exemplos de uma vida religiosa clandestina, mantida subterrânea durante séculos, desde a expulsão dos judeus por D. Manuel I, em 1496 até ao tempo presente, quando o engenheiro Schwarz encontrou os cripto-judeus e as orações, cantigas e lendas, as primeiras cantadas por mulheres, testemunho de tantos séculos de clandestinidade até que a Inquisição fosse abolida e, depois, já no séc. XX, vivendo em regime republicano e livre – o prefácio é datado de 28-VII-1925 (p.32) –, até que chegasse ao fim a perseguição e as liberdades conquistadas permitissem que os judeus se afirmassem e vivessem a sua religião sem temor nem represálias. Ricardo Jorge remata o prólogo com uma evocação de Jesus, definido como “o rabi da Galileia, judeu retinto e criada na inspiração do livro santo (...) – Jesus enfim, o homem sem par, criador da mais sublime força moral derramada no mundo” (30). E perguntava porque não haviam de viver
juntas “ a velha e a nova lei, a Torah e Evangelho” (loc.cit .).


2. Schwarz descobre os cripto-judeus de Belmonte

Escorraçados de Portugal em 5-XII-1496, embora impossibilitados de lhes serem dados os transportes marítimos que lhes permitissem expatriar-se, até à data limite de 31-X-1497, os judeus portugueses, além de que foram baptizados à força os que não conseguissem partir, o que encheu o país de uma comunidade de chamados “cristãos novos” ou marrranos que dificilmente poderia manter a sua fé religiosa. Só no acampamento dos Estaus foram encerrados à força 20.000 judeus e dali levados até às pias baptismais, estando proibidos de se expatriarem, embora muitas famílias hebraicas lograssem abandonar Portugal, fixando-se na França, Itália, Holanda, Turquia e outros países (Schwarz 2010: 40-41). A estas violências somar-se-iam os frequentes massacres de judeus portugueses, como o de Lisboa, em 19-IV-1506, nove anos depois de terem sido obrigados a converterem-se à religião oficial do país. Veio depois a Inquisição, estabelecida em 1536, com o seu tropel de perseguições ferozes, queimando a “gente de Nação” como heréticos nas fogueiras, situação cruel que duraria até que as cortes constituintes liberais extinguissem em 30-III-1821 o Santo Ofício (v. Shama 2017: 16-20 e 29-34).

Considera Schwarz que o mais impressionante na história dos judeus portugueses está no facto do “grande segredo de que continua a rodear, ainda actualmente, as suas cerimónias e práticas de religião judaica” (42). Mesmo depois da extinção da Inquisição. Não foi, pois, sem dificuldades, que este engenheiro polaco conseguiu penetrar no segredo das famílias cripto-judaicas que na Beira Baixa e em Trás-os-Montes mantinham a já secular prática secreta duma religião que só em começos do séc. XX vira erguer-se a primeira sinagoga lusa após o decreto de expulsão de 14968. Foi em 1917 que o engenheiro de minas polaco contactou pela primeira vez com essas comunidades ainda clandestinas e tão desconfiadas do interesse daquele judeu estrangeiro, o qual, através de Baltazar Pereira de Sousa lhe deu atenção e aceitou contar-lhe como se processava a clandestinidade dos judeus locais, apresentando-lhes aquele engenheiro, já que, como lhes disse, “É dos nossos!” (48). Todavia, como esse judeu de Belmonte casara com uma cristã, os demais membros da comunidade não lhe franquearam imediatamente a porta, sendo preciso que Schwarz insistisse com persistência para que lhe dessem conta da sua vida religiosa clandestina, sendo sobretudo através de mulheres que obteve o cabedal de dados, nomeadamente as orações judaicas, o que o ajudaria a compor o seu livro, editado depois em 1925. Teve, contudo, Schwarz de lhes recitar algumas orações hebraicas, mas nem isso foi muito convincente, já que aqueles clandestinos nunca tinham ouvido falar de língua hebreia, “nem sabiam que este idioma existia” (49)... 

8 A inauguração da primeira sinagoga portuguesa, após a expulsão de 1496, ocorreu em 9-V-1904, segundo projecto de Miguel Ventura Terra (Seixas, Caminha, 1865 – Lisboa, 30-IV-1917), o arquitecto que o Comité Israelita de Lisboa, dirigido então por Leão Amzalak, pai de Moisés Amzalak, solicitou em 1897 o projecto daquela que seria designada como Sinagoga Shaaré Tikva (Portões da Esperança), na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, a qual, por disposição da Carta monárquica liberal, estava proibida de ter uma entrada dando directamente para a rua, o que forçava aquela a abrir-se para um espaço donde depois se comunicava com a citada artéria lisboeta. Ventura Terra iniciou o seu curso de arquitectura no Porto e conclui-o em Paris, tendo sido aluno de Victor Lanoux, o autor da Gare dOrsay (hoje Museu Orsay de pintura).


E foi numa deliciosa tarde de verão e tendo como fundo a grandiosa paisagem da serra da Estrela, que Schwarz lhes recitou a oração Shema Israel (“Escuta Israel”) prece basilar do judaísmo – e quando pronunciou a palavra Adonai – um dos nomes de Deus, ou “Senhor– é que, tapando as mulheres os olhos com as mãos, uma delas disse, com autoridade: “É realmente judeu porque pronunciou o nome de Adonai!” (50). E a partir daqui todos colaboraram com ele, podendo o judeu polaco assistir à suas orações e cerimónias que os seus correligionários em Portugal tinham clandestinamente realizado sem apoio institucional algum, porque durante séculos deixara de haver sinagogas ou livros de orações ou rabinos para assistirem ao seu povo perdido no deserto lusitano.

O livro de Schwarz ocupa-se, em seguida, dos nomes desses cripto-judeus encontrados em Belmonte, nomes e apelidos que nem sempre serviam de indicação segura da origem judaica, na medida em que a expulsão de 1496 os forçara a abandonarem os apelidos hebraicos, trocando-os pelos nomes dos seus padrinhos de baptismo, pelo que os nomes como Jahia, Abrabanel, Zacuto, Usque, Mimon, Cohen, Levy, etc. tinham desaparecido (54). E recorda que o médico Amato Lusitano, cujo nome cristão-novo fora João Rodrigues de Castelo Branco, derivava do nome primitivo Habib, que significa Amado – Amatus em latim. Zacuto Lusitano, pelo seu lado, mudou o nome judeu Zacuto para Manuel Álvares de Távora. Já Mennaseh-ben-Israel, o famoso rabino luso homiziado na Holanda, chamara-se Manoel Dias Soeiro como cristão-novo vivendo em Portugal (53). Nomes retintamente portugueses – ou seja, cristãos – eram Aguilar, Brito, Brandão, Henriques10, Lara, da Fonseca, da Costa, Mendes, Cardozo, da Silva Rosa, Furtado, Nunes, Rodrigues, Melo, Prado, etc. (loc. cit ).

9 Adonai deriva do termo adon , cuja melhor tradução é Senhor , pois na Bíblia é “o Senhor de todo o universo”, correntemente designado como “meu Senhor”. Diante da sarça ardente, no deserto do Sinai, Deus revela-se a Moisés como aquele que é consumido pelo fogo mas sem se consumir (Deuteronómio , 33, 16), “aquele que reside na sarça”. O mais importante dos nomes de Deus é YHWH (Iaveh), o tetragrama sagrado, nome que não se pronuncia nunca. A partir do séc. III a.C, começa a utilizar-se Adonai para o designar. Outros nomes de Deus: El, Elohim (nome frequente na Bíblia), En Sof (o Infinito), Tsur Israel (rochedo de Israel), etc.

10 Um processo na Inquisição, em 1674, foi movido a Brites Henriques, filha do abastado comerciante cristão-novo António Rodrigues Mogadouro. Dois dos seus irmãos morreram queimados pelo Santo Ofício, assim como seu pai, além de Brites. As orações desta são incluídas no apêndice II deste livro (172 e ss).

Alguns adoptaram o nome das suas terras natais, como Belmonte, Penamacor, Monsanto, Idanha, Vial Real, etc. (55). Em suma, comenta Schwarz, os apelidos “não podem servir de guia na procura da origem judaica”(loc.cit ), de inventariar as práticas religiosas que o encontro com os cripto-judeus de Belmonte lhe tinha permitido fazer.


3. Os “abafadores judeus”, lenda negada por Schwarz

Desmentindo uma fábula averbada pelo Abade de Baçais, Francisco Manuel Alves11, autor dos vários tomos das Memórias arqueológicas-históricas do Distrito de Bragança, no vol. V (reeditado em 1981, dedicado aos judeus portugueses), Samuel Schwarz aplica-se a mostrá-la como “uma odiosa calúnia de homicídio ritual que se atribui em Portugal aos cristãos-novos sob a forma de inverosímil e néscia lenda dos «abafadores» ou «afogadores» (...), lenda absurda e inaceitável” (87). Eis como Schwarz explica esta lenda caluniosa:

Os cristãos-novos, querendo aplicar, segundo as suas crenças, os últimos sacramentos aos moribundos (...), eram forçados, em virtude do segredo que costumavam celebrar as suas práticas religiosas judaicas, a dispensar a presença dos vizinhos e amigos estranhos à sua religião, que vinham acompanhar o doente.

Podiam admirar estes que, sem mais explicações, que os expulsavam, e, despeitados, inventar a lenda: que os parentes queriam, sem testemunhos de estranhos, abreviar o passamento, abafando os asfixiando o moribundo. É uso entre os cristãos-novos chamar, nestes casos, as pessoas da comunidade que melhor conhecem as orações e cerimónias judaicas, in artiuculo mortis , que lhes assistem aos últimos momentos, sendo por isso essas que o vulgo aponta como abafadores. O facto de tão inverosímil lenda ter encontrado aceitação e credulidade da parte do povo ignaro, e até mesmo nas classes intelectuais, nada prova a favor da sua veracidade, mas apenas demonstra o ambiente de hostilidade contra os cristãos-novos, que tornou possível a existência da Inquisição até ao século XIX ainda que não desapareceu completamente... (90) 12.


11 O Pe. Francisco Manuel Alves (1865-1947), nascido em Baçal, no distrito de Bragança, cursou o seminário nesta cidade e recebeu ordens de presbítero em 1889, sendo investido nas funções de abade de Baçal e, em 1925, foi nomeado director-conservador do Museu Regional de Bragança, ao mesmo tempo que ia publicando a sua extensa obra das Memórias arqueológico-históricas do Distrito de Bragança , cujo volume V é dedicado aos judeus dessa região de Trás-os-Montes e Beiras.

Acrescenta ainda Schwarz que António Baião, apesar de reputado estudioso do Santo Ofício, nunca encontrou nenhum caso de abafador nos processos da Inquisição (89).

4. O impacto mundial do estudo de Samuel Schwarz na obra do
estudioso inglês Cecil Roth

Foi o grande estudioso do judaísmo Cecil Roth (Londres, 1899 – 1970) que deu projecção mundial ao estudo de Samuel Schwarz sobre os cripto-judeus lusos da Beira Baixa, no seu livro História dos Marranos , editada em 1931 e reeditada várias vezes depois (v. Roth 2002: esp. 287-294)13. É também de Roth a ambiciosa A History of the Jews from  earliest Times through the Six Year Day War (v. Roth 1970)14 , embora peque por misturar cristãos-novos portugueses e espanhóis como se fossem irmãos siameses ou um duo inseparável e, por outro lado, nem menciona o estudo de Samuel Schwarz a que dera projecção mencionada acima, e, por fim, por resumir a diáspora dos judeus lusos até aos começos do séc.XVIII. Não deixa também de ser significativo que o caso de Espinosa não seja mencionada neste volume de 452 páginas.

12 Veja-se o nosso estudo Medina (no prelo) “A lenda dos abafadores judeus vista por dois historiadores, o Abade de Baçal e Samuel Schwarz, assim como pelo escritor Miguel Torga “(no prelo). Quanto a M.Torga (1904-1995), no seu livro Novos Contos da Montanha inclui um caso de “abafamento” (v. Torga 2016: 13-19), envolvendo um abafador e o judeu que ele queria eutanaziar, caso imaginário, em Riba Dal. Como o judeu a abafar resistisse, o abafador desistiu da acção. Algum tempo depois, já restabelecido, aquele que devia ser abafado vinga-se, matando numa estrada aquele que o quisera estrangular com as mãos.

13 Nascido em Londres, C.R. foi educado em Oxford e tornou-se estudioso do judaísmo desde 1931, leccionando em Israel (1964-5) e depois em Nova Iorque (1966-1969). O prefaciador Herman P. Salomon refere que, em relação às perseguições dos cristãos-novos pela Inquisição portuguesa, houve uma polémica, em 1969, entre o historiador francês Israël Salvator Révah (1917-1973) e o estudioso luso António José Saraiva (1917-1993), defendendo este último, na sua obra Inquisição e Cristã os-Novos (v. Saraiva 1969), incluindo as críticas de I. S. Révah, que a extirpação da heresia judaizante em Portugal, fim confesso da nossa Inquisição, não passando esta duma “fábrica” de cristãos-novos e não da sua destruição, um mero pretexto para enriquecer com as confiscações feitas, quando na verdade a “raça judaica” não passava duma casta da burguesia nascente que o tecido social feudal da sociedade portuguesa não podia tolerar. Acrescentemos, por nosso lado, que o esquema de interpretação historiográfica de A. J. Saraiva era tipicamente marxista e, como lhe criticara fortemente Révah, professor no Collège de France, o português nunca consultara processos da Inquisição na Torre do Tombo, preferindo uma explicação segundo a ortodoxia marxista e, como tal, simplificadora na sua hetero-determinação da causalidade histórica. Convém lembrar que Saraiva teve uma bizarra evolução ideológica segundo o seu temperamento agressivo: foi marxista de tipo estalinista, depois maoista após Maio 68 e, por fim, salazarista; veja-se o seu artigo “Salazarismo”, no qual fala de Salazar nestes termos: “A mais perfeita e cativante prosa doutrinária que existe em língua portuguesa, atravessada por um ritmo afectivo poderoso”e, por isso, “merecendo um lugar de relevo na história da literatura portuguesa” (Saraiva 1989: 15). Tratava-se, obviamente, de um juizo inaceitável e até delirante. Na antologia Salazar sem Máscaras (v. Saraiva et al. 1998), o referido texto laudatório de Saraiva figura lá ao lado de outros entusiastas de Salazar como A. José de Brito, Barradas de Oliveira, João Ameal e outros. Sobre A. J. Saraiva veja-se ainda Elias Lipiner (1998: 410-416).


5. Belmonte hoje

O livro de Samuel Schwarz publicou-se, na sua primeira edição, em 1925. Ele revelava ao mundo o caso extraordinário e em certos aspectos bastante bizarro, de uma comunidade judaica portuguesa que, ferozmente forçada à clandestinidade em 1496, cripto-judaizou durante séculos sem quaisquer apoios institucionais, sem sacerdotes que lhe fornecesse assistência, sem bibliotecas que lhe permitisse manter um contacto com as obras fundamentais dessa religião. O facto também estranho é que, cerca de 70 anos passados sobre a descoberta de Samuel Schwarz expressa num livro que suscitou a curiosidade universal pela descoberta dos cripto-judeus lusos e, sobretudo, como vimos, pela retumbância mundial que Cecil Roth lhe deu numa das suas publicada em 1931, é que a comunidade de Belmonte registou um inegável declínio populacional, agora que ela dispunha já, desde 1996, de uma sinagoga, a esnoga Berit Eliahu (Filho de Elias ), uma casa branca com uma porta vermelha, além de dispor de um professor de língua hebraica – a tal língua que os cripto-judeus encontrados por Schwarz nem sabiam que existia. Por outro lado, apesar de o rabino enviado por Israel para instruir estes crentes raros e heróicos, o facto é que, havendo 180 judeus em Belmonte no final dos anos 70, hoje esse número não chega aos 60.15 Este decréscimo deve-se, por um lado, à Aliah (regresso a Eretz Israel ), não obstante o rabino enviado por Israel ter vindo desde os anos 90 ensinar a língua hebraica que os cripto-judeus descobertos por Schwarz nem sabiam que existia. Apesar de Belmonte ser hoje uma terra com uma sinagoga, uma loja de produtos kasher , o Cantinho Kosher, e ainda de um Museu Judaico, a verdade é que o mito celebrado pelos historiadores – além de Cecil Roth, lembremos os nomes de Nathan Wachtel e Howard M. Sachar16  não logrou fixar nesse recanto beirão a mais resiliente e oculta das comunidades de “cristãos-novos” de Portugal.

Monte Estoril, Março-Abril de 2019



14 Esta A History of the Jews from earliest Times to the Six Days War, mencionando no rosto que se trata de uma edição revista, tem dois capítulos dedicados aos cristãos novos portugueses e à sua diáspora europeia (v. 229-232 e 295-305), terminando a secção dedicada aos judeus portugueses e espanhóis expatriados no séc.XVII, mas não menciona a sua presença no Brasil, nomeadamente no período da ocupação holandesa ali, nem as sinagogas das Américas como a sinagoga portuguesa Touro em Newport (Rhode Island) ou a sinagoga Mikvé Israel em Coraçao (Antilhas holandesas): veja-se Medina (2006: 489), com duas fotos, uma da sinagoga portuguesa, Mikvé Israel, de Coraçao, construída em 1732, sendo por isso o mais velho templo judeu do hemisfério ocidental, assim como da sinagoga Touro, erguida pelo sefardita Isaac Touro, vindo de Amesterdão em 1758, em Newport, templo judaico que o presidente George Washington visitou em 1790, erguido por uma comunidade sefardita lusa vinda de Amesterdão, em 1763. Vide, neste mesmo volume, o capítulo “O «Povo errante» - os judeus expulsos, perseguidos e queimados” (Medina 2006: 460-506). Ver ainda Mello (1996: esp. 217-255 e 295-366) sobre os judeus portugueses imigrantes da Holanda durante o governo holandês em Pernambuco e os derradeiros dias do judaísmo no Recife. Figura de relevo neste período de domínio holandês no Brasil, o conde Maurício de Nassau (sobrinho-neto do príncipe Guilherme I de Orange), foi administrador colonial no Brasil com capital no Recife, como funcionário da Companhia Holandesa da Índia Ocidental, de 1637 a 1644. Note-se que a primeira presença judaica na América do Norte, em Nova Amesterdão (mais tarde designada como New York) foi em 1654, assim como a primeira sinagoga nesta cidade, em Beaver Street,
ocorreu em 1729.

15 São escassos os estudos sobre a situação evolutiva dos judeus em Belmonte hoje. Além dos livros de David Augusto Canelo (1985 e 2004), ver ainda o interessante artigo de Rosa Ruela (2017) com fotos de José Carlos Carvalho.

16 Veja-se os dois livros de Wachtel (2001), onde refere S. Schwarz (335-337), A. J. Saraiva (314), Camilo Castelo Branco e António José da Silva (300); e Wachtel (2013). Também Sachar (1994, esp. 181 e ss.), Barros Basto e S.Schwarz (182-183). Ver também Netanyahu (1999); este autor, sionista revisionista e secretário de Vladimir Jabotinsky (1880-1940), é pai do actual politico israelita Benjamin Netanyahu.


Bibliografía
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Cântico dos Cânticos atribuído ao rei Salomão (1942): Prefácio e versão do original hebraico por Samuel Schwarz. Desenhos e nota final de João Carlos, Lisboa, Sociedade Industrial de Tipografia.

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Lipiner, Elias (1998): Os Baptizados em Pé. Estudo da origem e da luta dos cristãos-novos em Portugal , Lisboa, Vega.

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Mello, José António Gonsalves de Mello (1996): Gente da Nação. Cristãos-novos e judeus em Pernambuco, 1542-1654 , 2ª ed., apresent. de José E. Mindlin, Recife, Fundação Joaquim Nabuco.

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Wachtel, Nathan (2001): La Foi du Souyenir. Labyrinthes marranesParis, Éditions du Seuil.

Wachtel, Nathan (2013): Entre Moïse et Jésus , Paris, CNRS/Éditions du Seuil.

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