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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Os antepassados de Henrique Augusto Silva e de Margarida Benvinda Vieira Gomes Barbosa

 Os Pais de Henrique Augusto Silva

César Augusto da Silva, o pai de Henrique Augusto Silva nasceu a 18 de Dezembro de 1827 e morreu a 18 de Setembro de 1883 aos 56 anos de idade. Foi Capitão dos Portos da Guiné, comandante do palhabote “Bissau”. Viúvo e residente em Bolama. 

Num documento datado de 1880 aparece uma referencia a um Augusto da Silva,  proprietário. Será este Cesar Augusto da Silva o pai de Henrique? No mesmo documento aparece o nome de João Augusto da Silva que exerce a profissão de caixeiro. Quem seria este homem?
Faleceu na Ilha Brava em casa do irmão Hanibal (ou Aníbal) José da Silva. Casou-se (curioso que não se encontre o registo de casamento) ou talvez não com Carlota Augusta da Silva (nascida em 1830) e tiveram 5 filhos:
. Henrique Augusto da Silva, Nasceu em 1865 na Ilha Brava e morreu em Lisboa em 1925
· Artur Augusto da Silva que morreu em Bissau em 1897
· Cândida Augusta da Silva nasceu em 1855 na Ilha Brava, casou-se em 1872 com José Sebastião de Senna de quem teve dois filhos
· Olympia Augusta da Silva, nasceu na Ilha Brava em 1860 e casou-se em 1880 com António José Godinho de quem teve 6 filhos
·  Leonora Augusta da Silva nasceu na Ilha Brava, casou-se com Sebastião José Teixeira e teve uma filha Carlota Teixeira que nasceu a 12 de Dezembro de 1874. Carlota segundo reza a certidão de nascimento só foi baptizada no dia 25 de Setembro de 1876 por se achar em perigo de vida.

O único registo de nascimento de Carlota Augusta da Silva Pereira (nascimento 15 de Março de 1833 em Cedofeita, Porto) surge nos registos paroquiais do Porto (1535-1949). O falecimento de Carlota teve lugar na vila de Sao Joao Baptista na Ilha Brava a 25 Dezembro de 1875.

Os pais de Carlota seriam Francisco José de Medeiros e Faustina Roza de Medeiros.

Certidão de nascimento de César:

Certidão de óbito de César:

No livro « A província de S. Tomé e Príncipe e suas dependências, ou, A salubridade e insalubridade relativa das províncias do Brasil, das colónias de Portugal e de outras nações da Europa » aparece uma referencia a César Augusto da Silva como segue :
« Jufunco ou Jafunco, situado no esteiro que da foz do rio de Cacheu conduz ao rio Casamansa, estendendo-se até à costa de Varela ».
Desta povoação e reino tomou posse, para a coroa, em 1869, o governador de Cacheu e dependências, João Carlos Cordeiro, como se vê do seguinte documento : 
 Os antepassados de Cesar Augusto da Silva são estes:


Os Pais de Margarida Benvinda Vieira Gomes Barbosa 

São Jose Medina Gomes Barbosa nascido em 1848 e Cristina Augusta Vieira nascida em 1855. Margarida nasce em 1876 e tem como irmãos João Gomes Barbosa nascido em 1872 e Teóphilo Joaquim Vieira Barbosa nascido em 1874.

José Medina Gomes Barbosa nasceu em 1848 na Ilha do Fogo e deve ter falecido pouco depois do nascimento de Margarida Benvinda Vieira Gomes Barbosa, pois a sua mulher Cristina Augusta Vieira de Vasconcelos (com quem casou em 1871 na Ilha Brava)  voltou a casar-se em 1887 com Luis Loft de Vasconcelos. Cristina nasceu em 1855 na Ilha Brava.


Certidão de nascimento de José Medina Gomes Barbosa:

Aos dezanove do mez de Julho de 1848  nesta villa de São Filipe da ilha do Fogo, freguesia de Nossa Senhora da Conceição perante mim Parocho da mesma freguesia compareceu Pedro Alexandrino Barbosa Branco por pessoa do chefe de família João Gomes Barbosa júnior filho legitimo de João Gomes Barbosa e Dona Felizberta Júlia Medina  naturais residentes nesta villa com Dona Constância Augusta Medina filha legitima de Francisco Paula Medina e Dona Margarida Júlia Medina  natural da ilha da Madeira, declarou que a dois de Março ultimo, nasceu da mulher do dito ... um filho que terá de receber agora o baptismo no dia de hoje com o nome de José sendo feita esta declaração ...... na presença de Francisco de Barros sacristão desta villa e João dos Reis Pires júnior natural e residente nesta villa ..... supra foi baptizado por mim solenemente foram padrinhos Pedro Gomes Barbosa (nota irmão de João Gomes Barbosa júnior)  por si procurador e dona Leonarda Barbosa. E para constar fiz este assento que assinarão comigo.
Certidão de nascimento de Sérvulo Gomes Barbosa, irmão de José Medina Gomes Barbosa:

Certidão de nascimento de António Gomes Barbosa, irmão de José Medina:

Certidão de nascimento de Luis Gomes Barbosa , irmão de José Medina:

No registo seguinte trata-se do baptismo de José filho de António Gomes Barbosa e Dona Maria Macedo Barbosa, sendo padrinho João Gomes Barbosa júnior e a coroa de nossa senhora do Livramento sendo portadora da mesma Dona Constância Augusta Barbosa.

Desconhecem-se quem foram os antepassados de Theophilo Joaquim Vieira (o pai de Cristina Augusta Vieira). Quanto à esposa Kilda Ferreira de Abreu a origem é da Ilha da Madeira.
A certidão de casamento  de Theophilo e Kilda segue: 
Nesta certidão datada da Ilha Brava a 7 de Maio de 1845, nota-se a presença do Bispo eleito da Diocese e de José Roberto da Silva tenente coronel, como testemunhas. Os pais de Theophilo eram Manuel Joaquim Vieira e Ritta Consolação Vieira.

João Gomes Barbosa (Avô de Margarida Benvinda Vieira gomes Barbosa)

Nasceu em 1821 e casou na ilha do Fogo com a prima Constança Augusta de Medina e Vasconcelos que nasceu em 1826 na Ilha da Madeira. Tiveram 8 filhos  entre os quais  José Medina Gomes Barbosa que nasceu em 1848.

Certidao de casamento:



João Gomes Barbosa (Bisavô de Margarida Benvinda Vieira gomes Barbosa)

Nasceu a 8 de Março de 1802 na Ilha do Fogo. Casou com Felizberta Julia de Medina e Vasconcelos (que nasceu na Ilha da Madeira) na ilha do Fogo em 1 de Julho 1820. Faleceu a 12 de Março de 1864 na cidade da Praia. Tiveram 15 filhos entre os quais João Gomes Barbosa junior que nasceu em 1821, Pedro que nasceu em 1823 e Antonio que nasceu em 1830. 

Os três irmãos João, Pedro e Antonio eram negreiros e traficavam escravos a partir da Guiné. Ver a este propósito o livro de Antonio Carreira  « O Trafico de escravos nos Rios da Guiné e Ilhas de Cabo Verde (1810-1850):

"A um mesmo tempo nos rios da Guiné, os conflitos entre as diversas etnias on interior do território, longe de se aplanarem, prolongar-se-iam até aos últimos anos do século XI, com as inevitáveis repercussões nas relações comerciais e sociais entre as gentes do mato e as das praças e presídios. Entre 1820 e1850 estes núcleos eram, no Norte (Cacheu e Ziguinchor), liderados por algumas famílias abastadas (Carvalho de Alvarenga e seus ramos Pereira da Costa e Barreto da Costa, e Pereira Barreto), e em Geba e Bissau por treze negociantes principais, dos quais destacamos: 
Reinóis: Joaquim António de Matos, Miguel Correia de Sousa e Bernardino José de Oliveira.
Naturais de Bolama: JoãoMarques de Baros. 
Cabo-verdianos: António Gomes Barbosa, Caetano José Nosolini, Caetano Monteiro de Macedo, João Gomes Barbosa, João Monteiro ed Macedo, Joaquim Monteiro ed Macedo, Manuel Tavares de Almeida, Nicolau Monteiro de Macedo, Pedro Gomes Barbosa, Crispim Moniz, António Lopes e José Gonçalves.
Mestiço de origem francesa: Adolpho Demay.
De origem não identificada: António Joaquim Ferreira. 
Deveriam existir alguns mais, mas sem significado de maior na vida económica e social. Posteriormente o número de negociantes subiu para 54 (1864). Dos mais destacados elementos interessam a este estudo dois dos que estavam mais ligados ao tráfico ilícito para o exterior (uma vez que os outros se dedicavam mais a transações em géneros e a um comércio de escravos para o interior), ou sejam os que mantinham maiores ligações com Cabo Verde: Joaquim António de Matos e Caetano José Nosolini."

O João Gomes Barbosa nascido em 1802 foi Comandante do Forte de D. Pedro em S. Filipe, (nomeado pela carta regia de D. João VI, Lv 10, fl 171, em 20/10/1810, Torre do Tombo) e Tenente Coronel de Infantaria. Também foi de 1838 a 1842, administrador do concelho da ilha do Fogo e no biénio de 1842-1844 foi presidente da câmara municipal do mesmo concelho.

Nos registos da paroquia de Nossa Senhora da Conceição da Ilha do Fogo aparecem um certo numero de registos que indicam que João Gomes Barbosa possuía escravos.

Neste primeiro registo trata-se da certidão de nascimento de Alfredo filho natural de Maria Machete serva de João Gomes Barbosa:

Neste segundo registo trata-se de Suzana escrava de João Gomes Barbosa que foi madrinha de nascimento de Alfredo:
No seguinte registo , é João Gomes Barbosa que declara o nascimento de Boaventura filho natural de sua escrava Maria das Mercês:



Note-se que na Ilha do Fogo eram muitos aqueles que tinham escravos:

Surge uma referencia a dois dos filhos de Joao Gomes Barbosa (Cesar e Pedro) num documento datado de  1879 em Bolama, no momento da tomada de posse do novo Governador Tenente Coronel Agostinho Coelho :


A propósito de Pedro Gomes Barbosa aparece nos Boletim Oficial do Governo Geral de Cabo Verde de 1858 a seguinte portaria:

Cesar Gomes Barbosa (1829-) filho de João Gomes Barbosa (1802-1864) e irmão de João Gomes Barbosa (1821-1864)

César Gomes Barbosa, que nasceu na Ilha do Fogo,  irmão de João Gomes Barbosa junior, nasceu em 1829, casou-se com Ana Barbosa Teixeira. Viveram em Bissau na Guiné . No dia 9 de Julho 1871 Ana, deu à luz João Gomes Barbosa no Brigue ligeiro quando de uma viagem para Cabo Verde.

Não confundir com o homónimo César Gomes Barbosa (que nasceu em Bissau a 25 de Fevereiro de 1857), filho de Pedro Gomes Barbosa que era irmão de César Gomes Barbosa e que faleceu em 1932. 

Este sobrinho de César foi  médico. Casou-se 2 vezes; a 1ª com Guilhermina Caldeira, de quem ficou viúvo; a 2ª com Ester Caldeira Lopes, natural de Portugal, filha de Júlio Ferreira Lopes e de Cristina Silveira Caldeira. Médico diplomado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, foi nomeado médico de 2ª classe para o Quadro de Saúde de Cabo Verde pelo Decreto de 30/Jul/884, e pelo Dec. de 10/Abr/891, foi promovido e nomeado chefe do Serviço de Saúde da Guiné e que em 1896 partiu para a Índia, como inspector dos serviços de saúde e director da Escola Medico Cirúrgica de Goa. Foi governador interino da Guiné (de 24 Abril 1893 a 23 Outubro de 1893) e também foi Vice-rei da Índia, nome dado aos Governadores-gerais do Estado Português no tempo da monarquia. Foi ainda Director dos Hospitais Civis e Militar de Pangim. Reformou-se com a graduação de tenente-coronel-médico em 4 de Dezembro de 1902. Ao longo da sua carreira recebeu várias condecorações: Comendador da Ordem Militar de Cristo; Oficial da Ordem Militar de S. Bento de Avis; Oficial da Ordem Militar de Cristo; Oficial da Ordem da Torre e Espada; medalha de prata de comportamento exemplar; medalha de oiro de serviços distintos no Ultramar e a medalha de Ouro da Rainha D. Amélia.


Na revista Ilustrada “As Colonias Portuguesas”(em 5 de Fevereiro de 1884) pode-se ler a propósito de Bissau:

Edifícios públicos que mereçam tal nome, nenhuns. No extremo esquerdo vê-se o baluarte de Pidjiguiti, ... à direita, o primeiro sobrado ..., de portão ao centro e duas janellas no alto, pertence ao sr. César Gomes Barbosa e à esquerda, na rua de S. José, o do sr. Alvaro Ledo Pontes. O predio sombrio e vasto é o GamBarros, que pertence hoje aos herdeiros do ... primeiro proprietário, João Marques de Barros; acha-se n’ elle installado o hospital e a alfandega com os respectivos armazéns. Mais à direita, ... o sobrado alto, de 5 janellas, chama-se GamBanana, casa que foi de D. Aurélia Correia, e também residência official, por algum tempo. ... Quase no mesmo plano, a Caiada, um alto predio de columnatas, que foi de Caetano Nosoliny, o mais rico negociante do seu tempo, e hoje de Ricardo Barbosa Vicente .


Um outro irmão de João Gomes Barbosa júnior foi Pedro Gomes Barbosa que aqui declara o nascimento de um seu filho César:

 
Uma outra irmã de João Gomes Barbosa júnior foi Leonarda Júlia Barbosa que aqui declara o nascimento de José.
Jose Roberto da Silva neto de Jose Roberto da Sylva e filho de Anibal

Do casamento de Aníbal José da Silva com Cândida Maria Barbosa de Andrade  nasceu José Roberto da Silva,  a 5 Fev 1862, Vila Nova Sintra, Ilha Brava, Cape Verde, foi baptizado: 11 Mar 1863, Praia, Santiago, Cabo Verde e casou com Maria do Livramento Barbosa a 27 Dez 1891 em São Filipe, Fogo, Cabo Verde. Faleceu em Cabo Verde.



José Roberto da Silva viveu quase 100 anos pois deve ter falecido em 1960. Não confundir este José Roberto da Silva com o homónimo José Roberto da Silva que era seu avô e que nasceu em 1800.

Jose Roberto da Silva, Tenente Coronel do Exercito Português, que casou com Maria do Livramento Barbsa, nascida a 4/4/1867, em S. Filipe Fogo, filha de António José Barbosa e da sua 2ª mulher Luisa Barbosa de Andrade. 

Com os filhos Antonio José e Luisa

Negociante. Na sua obra "História de Portugal", período 1890-1910, volume X, pág. 230, 2a. edição, o historiador Veríssimo Serrão regista que "No ano de 1908, o colono José Roberto da Silva, morador na cidade da Praia, que ali representava a Companhia de Salvamentos da Corunha, pediu ao Governo da província autorização para explorar os navios naufragados no mar da Boa Vista, em cujos cascos se dizia haver tesouros fabulosos. Tratava-se de uma exploração submarina com riscos, mas que tinha a vantagem de poder vir a revelar muitos valores abandonados. O Ministro Augusto Castilho concedeu a autorização pedida, mas sujeitando-a à zona de quatro milhas ao redor da mesma ilha. O impetrante guardava o exclusivo da exploração, cumprindo as condições expressas no regulamento em vigor. Mas tudo ignoramos acerca da sua actividade e dos lucros que nela tivesse, porventura, obtido." A autorização concedida veio publicada no Diário do Governo, número 42, de 21 de Fevereiro de 1908.

As ordenanças do templo para José Roberto da Silva foram feitas sob a data de nascimento do ano de 1842.

O avô, de mesmo nome, pediu o exclusivo da pesca da baleia (Portaria ao Procurador Geral da Coroa. Para que informe sobre pedir José Roberto da Silva um exclusivo para a pesca da balea nas costas e mar das Ilhas do Fogo e Brava. e Ilheos do Rombo do Archipelago de Cabo Verde. Abril de 1846). Não lhe foi concedido.

Aníbal a seguir casou com Emília José Barreiros, filha de Francisco Maria Barreiros e Rita Joaquina Martins da VERA-CRUZ, a 19 Novembro 1865 em São João Baptista, Ilha Brava, Cabo Verde. Emília José Barreiros nasceu a 22 Maio 1848 na Vila Nova Sintra, Ilha Brava, Cabo Verde.
Jose Roberto da Sylva avô de Jose Roberto da Silva

José Roberto da Silva (ou da Sylva), foi baptisado a 6 de Abril de 1800,na Igreja da Nossa Senhora da Vitoria da paroquia de Sao Nicolau em Lisboa tendo nascido a dois de Fevereiro de 1800. Cavaleiro da Legião da França, nomeado Vice-cônsul dos Estados Unidos da América na Ilha Brava, Cabo Verde, em 17 Nov 1849.

Certidão de nascimento de José Roberto da Sylva:

"Em o dia seis de Abril de mil oito centos baptizei e puz os Santos Oleos na Igreja de Nossa Senhora da Vitoria onde ao prezente se acha a Parochia de São Nicolau de Lisboa, a Joze, que nasceu a dois de Fevereiro próximo passado, filho de João Antonio Freire  e de Genoveva Rita da Purificação, moradores na Rua Bella da Rainha, d'esta Freguezia, recebidos na de São Joze, d'esta cidade. Foi Padrinho Joze Roberto Luiz Campos, morador na Rua Nova da Princeza, onde também são moradores os ditos pais do baptizado, e recebidos n'esta Freguezia. Do que fiz este assento e assignei." O Prior Encomend. Francisco Joze de Andrade”

Os pais de José eram João António Freire e Genoveva Ritta da Purificação que se casaram em Lisboa a 30 de Junho de 1796 na paroquia de São Nicolau. Casaram na Igreja da Nossa Senhora da Vitoria  e eram moradores na Rua Bella da Rainha em Lisboa. Quando se casou em 1796, Genoveva (que nasceu em Runa, Torres Vedras) era viuva de Antonio José de Freitas.
Foram padrinhos de casamento de João e Genoveva,  José Roberto Luis Campos e José Ferreira de Abreu que moravam na Rua Nova da Princesa na freguesia de Santa Justa. Note-se que o padrinho de baptismo de José Roberto foi tambem José Roberto Luis Campos.
Os pais de João Antonio Freire eram João Pereira Dias e Josefa Bernarda. Josefa era filha de Gonçalo da Costa Nazareth e de Bernarda Maria da Silva nascida em Penacova , coimbra.
Os pais de Genoveva eram Manuel Luis Campos e Ana Teresa Joaquin.

Certificado de casamento de João Antonio Freire e Genoveva Rita da Purificação:


No jornal francês “Les Débats Politique et Littéraires “ de 4 de Fevereiro de 1848:

aparece a noticia seguinte:

E interessante conhecer a razão que levou José Roberto da Silva a receber a Légion d'Honneur. A historia é contada no Boletim Oficial do Governo Geral de Cabo Verde de 1847.


O capitão do navio Le Basque de regresso a França escreve no Moniteur Universal de Julho 1847 a historia do naufrágio:


José casou com Joanna de São João d'Afonseca, filha de Francisco António d'Afonseca e Catarina Pires Correia, a 26 Mar 1827 em São João Baptista, Ilha Brava, Cabo Verde.  Joanna de São João d' Afonseca nasceu em 1803 em Brava, Cabo Verde, faleceu a 29 Mai 1883 em São João Baptista, Ilha Brava, Cabo Verde e foi sepultada a 29 Maio 1883 em São João Baptista, Ilha Brava, Cabo Verde.

José Roberto da Silva, Cavaleiro da Legião da França, nomeado Vice-consul dos Estados Unidos da América na Ilha Brava, Cabo Verde, em 17 Nov 1849.( in Anuário Português, histórico, biográfico e diplomático, por António Valdez, 1855 ).

 Note-se a presença de João Gomes Barbosa como vice-consul na Ilha do Fogo.

Teve o exclusivo da pesca da baleia (Portaria ao Procurador Geral da Coroa. Para que informe sobre pedir José Roberto da Silva um exclusivo para a pesca da balea nas costas e mar das Ilhas do Fogo e Brava. e Ilheos do Rombo do Archipelago de Cabo Verde. Abril de 1846)



"Em 1 de Fevereiro de 1850 apresentou a casa comercial Nozolini, de Bissau, representada pela firma Nozolini Junior & C.ª á Junta da Fazenda, uma proposta para lhes ser adjudicados os rendimentos d'aquelle districto, a qual sendo discutida em Junta e aceita pelos proponentes, se lavrou o seguinte contrato.

1ª (...)

17ª Que para o exacto cumprimento d'este contrato elles contratantes renunciam as obrigações que contrahiram pelo anterior contrato, e bem assim a todos os casos furtuitos, solitos e insolitos, cogitado e não cogitado, salvo os de invasão, para o que obrigam sua pessoa e bens havidos e por haver, por seu bastante procurador José Roberto da Silva, e para maior segurança dá por seu fiador ao referido seu procurador José Roberto da Silva, proprietario e negociante estabelecido n'esta ilha. No que a Junta conveio unanimemente, lavrando-se em seguida o presente auto que eu Alexandre José Pinto Tavares, escrivão Deputado interino, fiz exarar e susbcreve para ser autenticamente assignado pelos membros da Junta por quem representa os arrematantes, bem como por seu fiador e testemunhas. =J. A. de Fontes Pereira de Mello, Manuel F. Louzada d'Araujo d'Azevedo, Alexandre José Pinto Tavares, José Roberto da Silva: e como testemunhas José Arnaldo Ferreira e Felix José da Costa."

(...)

"Em Portaria régia de 30 de Julho ordenou-se a terminação do contrato acima mencionado, dando-se d'isso conta ao Governador Geral de Cabo Verde, que por Portaria da Junta da Fazenda de 11 de Outubro mandou que a commissão fiscal de Bissau intimasse a Antonio Joaquim Ferreira, representante da casa comercial Nozolini Junior & C.ª, aquella resolução régia. Este contrato terminou em 2 de Junho de 1851" Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné - Christiano José de Senna Barcellos, Vol. III, págs. 395-400.



José Roberto da Silva e sua esposa D. Joanna de São João e Silva  foram padrinhos de baptismo de Aureliano, nascido a 4 Ago 1849 e baptizado em 19 Maio 1850, filho legitimo de Francisco Rodrigues Aleixo e Juliana das Armas. Nesse registo José Roberto da Silva é referido como sendo Tenente Coronel, Administrador do concelho (da Brava).



PRETENSÃO de José Roberto da Silva, tenente coronel do batalhão de 2ª linha da ilha Brava em Cabo Verde em ser reformado como coronel. Apresentada em 11 Setembro de 1856
Por carta patente de Dona Maria II, foi nomeado tenente coronel do batalhão de segunda linha da ilha Brava.


Pelos vistos José Roberto da Sylva era possuidor de alguns escravos nomeadamente:     
          
José:
e Rosa:
e Thomaz:
e Violanta:
e Damiana
e Emilia
Aparece também um António José da Sylva que em 1830 tinha uma escrava de nome Constância:
José Roberto da Sylva teve pelo menos 4 filhos com Joanna de São João da Fonseca, entre os quais Cândida:
E um filho José (nascido em 1828) que parece não ter sido concebido por Joana São João
Uma homónima de Joana São João teria tido uma filha Maria (filha natural) a 3 de Outubro de 1835. Note-se que o padrinho José António d’Afonseca era irmão de Joanna. Seria uma escrava de Joanna? De qualquer modo não poderia ser uma filha de Joanna pois no mesmo ano a 15 de Abril de 1835 nasceu Cândida da Silva filha de Joanna e de José Roberto da Sylva. Seria esta Joana uma escrava da Joana de São João?

Nos registos de casamento da Ilha Brava, aparece um registo de casamento de Joanna de São João no dia 10 de Junho de 1826, com Manuel António da Sylva Brandão. Supõe-se que Manuel terá falecido rapidamente pois Joanna volta a casar com José Roberto da Sylva em 1827. Curioso também o facto de Manuel e José terem o mesmo nome patronimico “Sylva”.
Casamento com Manuel António da Sylva Brandão:
 Casamento com José Roberto da Sylva
Assento de Casamento de José Roberto da Sylva  filho de João António Freire e Genoveva Rita da Purificação, com Joanna de São João, aos 26 de Março de 1827:

“Em os 26 de Março de mil oito centos, e vinte sete, sendo de tarde nesta Matriz de S. João Baptista da ilha Brava, feitas as diligencias do costume na forma do Sagrado Conc. Trid. não lhe sahindo algum impedimento, nem eu da minha parte o sei, recebi =in facie Ecclesia= a Joze Roberto da Sylva, filho legitimo de João Antonio Freire, e Genoveva Rita da Purificação, naturaes da Cidade de Lisboa, e freguez da freguezia de S. Nicolao, com Joanna de São João, viúva que ficou de Manoel Antonio da Sylva Brandão, forão testemunhas as abaixo assignadas. E para constar fiz este termo, em que me assignei, era ut supra. vigário Luiz Saturnino de Castro.
Jozé das Neves Leitão 
Bernardino de Souza Coelho”

Certidão de óbito de Joanna de São João da Fonseca a 29 de Maio de 1883 com 80 anos de idade:


Francisco de Paula Medina e Vasconcelos 

A origem da familia Medina e Vasconcelos situa-se na Ilha da Madeira como se pode ver no livro "Genealogia da Família Medina da Ilha da Madeira (paginas 83 a 92). Francisco de Paula  nasceu no Funchal em 28 de Novembro de 1768.  Os pais de Francisco eram Teodoro Félix de Medina e Vasconcelos que nasceu em 1745 em Santa Maria Maior na ilha da Madeira e que se casou com Ana Joaquina Rosa Soares em 1767 e que faleceu em 1826 com 81 anos de idade. Tiveram "quinze" filhos.

Francisco casou duas vezes. A primeira com Maria Egipcíaca de quem teve nove filhos. Do segundo matrimónio com Margarida Júlia Brazao, na Igreja de São Pedro do Funchal, em 27 de Março de 1815, nasceram cinco filhos .  Poeta com larga obra, metido em problemas de ordem politica foi condenado em 1823 a 8 anos de degredo em Angola.  Morreu na Praia um ano depois. 

Curiosamente um dos filhos de Teodoro foi Manuel Alexandre Medina e Vasconcelos alvo de uma delação junto da Inquisição:


Do casamento entre Francisco e Margarida Julia Brazao nasceram mais 5 filhos entre as quais Constança  Augusta de Medina e Vasconcelos  que nasceu na Madeira cerca do ano 1826 e casou-se na Praia Santiago a 16 de Maio de 1846 com o primo João Gomes Barbosa (nascido na Ilha do Fogo em 1821, filho de João Gomes Barbosa e de Felizberta Júlia de Medina e Vasconcelos. Uma outra irmã de Constança foi Carolina Augusta de Medina e Vasconcelos que nasceu no Funchal (ou na ilha do Fogo?) a 31 de Dezembro de 1824 e casou na Ilha Brava com José Lourenço de Araújo a 6 de Janeiro de 1850. Na certidão de casamento que segue são mencionados como testemunhas o tenente coronel de primeira linha Caetano José Nozolini residente em Bissau e Administrador do Conselho José Roberto da Silva tenente coronel. O nome de José Lourenço Araújo aparece como José Lourenço da Silva. 

Constança Augusta Medina e Vasconcelos foi a avo de Margarida Benvinda Gomes Barbosa que se casou com Henrique Augusto da Silva (ver neste blog "Os Pais de Artur Augusto da Silva".

O pai de João Gomes Barbosa que se chamava também João Gomes Barbosa nasceu em 1802 e tinha-se casado com Felizberta Julia de Medina e Vasconcelos a 1 de Julho de 1820.
Registo de casamento de João Gomes Barbosa e Constancia Augusta Medina e Vasconcelos:

O António acima mencionado , irmão de João Gomes Barbosa júnior, pelos vistos tinha uma escrava Clemência 
O Benjamim acima mencionado , irmão de João Gomes Barbosa júnior, pelos vistos tinha também uma escrava Isabel que aqui aparece como madrinha de Regina.
Outro irmão foi Diniz Gomes Barbosa (ver fotografia), médico, nascido em  S. Filipe e falecido em 26 de Abril de 1906, no Fogo. Médico diplomado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, foi nomeado médico de segunda classe para o Quadro de Saúde de Cabo Verde e por Portaria Régia de 30/Jan/1883, foi nomeado Chefe do Serviço de Saúde de Cabo Verde. Reformou-se com a graduação de coronel-médico em 7 de Julho de 1893. Era Comendador da Ordem Militar de S. Bento de Avis.
Ter escravos nessa altura na ilha do Fogo seria relativamente comum como mostra este registo de Claudina e Esperança ambas escravas de Roberto José Nozolini. contemporâneo de João Gomes Barbosa.

Mas voltando a Francisco segue a sua certidão de óbito :
No livro de Jorge Forjaz "Genealogias das Ilhas do Fogo e Brava e de Bissau" pode-se ler um artigo sobre Francisco de Paula Medina e Vasconcelos como segue:

FRANCISCO DE PAULA DE MEDINA EVASCONCELOS -Nasceu no Funchal (S6) a 28.11.1768 e faleceu na Praia (Graça), Cabo Verde, a 16.7.1824, sem testamento (sepultado no Cemitério da Praia).


Estudou na Universidade de Coimbra, onde foi preso quando tinha 22 anos, interrompendo então os estudos. Regressou à Madeira onde, em 1797, pediu o lugar de ajudante de Milícias em S. Vicente, vago pela saída para Cabo Verde de seu irmão Manuel Alexandre, mas não obteve o cargo por já estar preenchido.


Em 1822 concorreu e ganhou o lugar de professor da Aula de Gramatica ¨portuguesa e foi tabelião de notas do Funchal pelo mesmo desde 1823. Partidário da constituição 26 182 envolveu-se nas manifestações do ano seguinte que culminaram na célebre devassa que a 26.10.1823 condenou 24 pessoas a diversas penas, sendo ele condenado a degredo de 8 anos para Angola, com consequente perda dos empregos. Embarcou com a mulher e filhos em Janeiro de 1824 com destino a Luanda, mas à última hora, por motivos que se desconhecem, foi alterado o destino para Cabo Verde, onde acabou por se radicar.


Publicou Noite triste a que deu assumpto a infausta e sentidissima morte da execelentissima senhora D. Carlota Margarida, filha do excellentissimo senhor Duque delafões, Lisboa, Ofic. de António Gomes, 1792, 12 p.; Poesias lyiricas de Medina, dedicadas à Senhora D. Catharina Michaela Sousa Cesar e Alencastro por seu author, Lisboa, Na Offic. de Simão Thaddeo Ferreira, 1797, 245 p.; Sextinas elegiacas ao sempre memorável estrago da cidade do Funchal da Ilha đa Madeira, na calamitosa alluvião do dia 9 de Outubro de 1803, Lisboa, Imp. Regia, 1805; Elegia à deplorável morte do grande e incomparavel Manoel Maria Barbosa du Bocage, Lisboa, Imp. Regia, 1806, 14 p.; Zargueida. Descobrimento da Ilha da Madeira: poema heroico, Lisboa, Off. de Simão Thaddeo Ferreira, 1806, 254 p.; Georgeida, poema dedicado ao senhor Robert Page, 1819; Noites tristes de Fileno na ausencia de Marilia, 1825.


« Medina e Vasconcelos, que se manifestou desde a mocidade sectário das ideas dos filósofos do século XVIII, foi também um acérrimo partidário da Constituição de 1821, sendo por isso envolvido nas redes da alçada que em 1823 veio à Madeira proceder a uma rigorosa e vexatória devassa acerca dos acontecimentos que se deram entre nós por ocasião da proclamação do primeiro governo representativo que vigorou no nosso país. Os seis magistrados que constituíam a alçada chegaram ao Funchal a 26 de Agosto de 1823 e proferiram a respectiva sentença a 24 de Outubro do mesmo ano. Nela se diz que Medina e Vasconcelos «esquecido dos deveres da honra e de fiel vassalo, e dos vínculos que mais estreitamente o ligavam como funcionário publico, tivera o desacordado arroio de proferir em publico gravíssimas injurias ofensivas do decoro, veneração e respeito devidos ao Trono e ás reais pessoas de suas majestades, e tão graves que se julgam  indignas de se escreverem neste acordão ». Na mesma sentença se afirma que estava filiado na Maçonaria e tomava parte nos seus trabalhos, tendo notavelmente concorrido para a proclamação e estabelecimento do governo constitucional neste arquipélago. Foi condenado «em oito anos de degredo para o Estado de Angola com inabilidade para os ofícios de Justiça ou Fazenda, e em cinqüenta mil réis para o Fisco,.


Medina e Vasconcelos morreu na capital do arquipélago de Cabo Verde no ano de 1824, isto é, pouco depois de proferida a sentença que o desterrara para Angola, sendo-nos desconhecidos os motivos que determinaram a alteração da pena quanto ao lugar em que deveria ser cumprida. Este nosso patrício exercia no Funchal o lugar de tabelião de notas, quando foi processado pela alçada e desterrado para Cabo Verde.


Inocêncio, num pequeno juízo crítico que faz das poesias de Medina, diz o seguinte: «como poeta lírico pertenceu à escola francesa; os seus versos são em geral sonoros e bem fabricados, e de certo não lhe faltava naturalidade. Pretendeu embocar a tuba épica; mas vê-se que esta empresa era muito superior ao seu talento, e por isso nos dois ensaios que naquele gênero compôs, não conseguiu elevar-se jamais além da mediocridade. Ha contudo, em um e outro, episódios que não deslustram a sua musa e que se podem ler com gosto».


Das composições de Medina e Vasconcelos, foi a Zargueida a que lhe deu maior renome e ainda hoje é de todas a mais conhecida. E um poema épico em oitava rima, moldado nas formas clássicas da antiga epopeia. Divide-se em dez cantos e contém mais de cinco mil versos. Trata do descobrimento da Madeira por João Gonçalves Zargo, aproveitando o apelido do descobridor para título do poema. Contém uma série de interessantes episódios com algumas felizes divagações poéticas, entre as quais avulta a lenda de Machim. E somente no canto X, que se faz a descrição do descobrimento desta ilha. Precede o poema um soneto dedicado a Bocage, a que este insigne poeta respondeu com outro soneto, que é sem dúvida a mais bela composição que este volume encerra»

 

No livro de Christiano José de Senna e Barcellos “Subsídios para a Historia de Cabo Verde e Guiné” publicado em 1899 aparecem as seguintes referências à família Medina e Vasconcellos:


No dia 13 de maio de 1824, aniversario natalício de el-rei D. João VI, houve grandes festejos na villa da Praia. Ao romper da aurora salvaram todas as baterias e os navios no porto embandeiraram; ao meio dia apresentaram-se no palácio do governo para o cortejo, diante do retrato de el-rei, o bispo, as duas câmaras da cidade e villa, todas as autoridades civis e mili-tares, oficiais dos diversos regimentos, pessoas mais gradas da terra e cônsules. Durante o cortejo salvaram pela segunda vez as baterias. O governador deu um jantar, para o qual foram convidadas as autoridades civis e militares e muitas outras pessoas, e concluído elle houve uma parada militar e depois outras salvas, seguindo o cortejo para a matriz, onde o bispo entoou o hino Te-Deum Laudamus, cantando os cônegos do cabido, os frades de S. Francisco e o clero secular; findo este hino, o padre Antonio Alfredo de Santa Catharina Braga (condenado a degredo por D. João VI por ser liberal) recitou um discurso apropriado ao acto. Seguiram-se três descargas dadas pelos infantes. Á noite iluminaram-se as casas da villa e no palácio do governo foi servido um chá e houve baile; entoou-se o hino patriótico e recitaram-se algumas produções poéticas dedicadas a el-rei por Francisco de Paula Medina e Vasconcellos, além de alguns improvisos.


Este Medina e Vasconcellos, como já vimos, foi degredado para Cabo Verde por oito anos pelas suas idéias liberais e dirigiu um Memorial métrico a el-rei implorando-lhe o perdão; este não chegou a tempo porque em 16 de julho de 1824 faleceu na Praia, onde estava exercendo o cargo de official da secretaria geral do governo, por nomeação do governador Chapuzet, que muito o apreciava pelas suas excelentes qualidades e pela sua ilustração pouco vulgar.


Damos em seguida as composições inéditas dedicadas a D. João VI:


Ode Saphica-Alcaica

Recitada na noite do dia 13 de Maio de 1824

no Quartel General da Villa da Praia da Ilha de São Thiago de Cabo Verde

POR SEU AUTOR

FRANCISCO DE PAULA MEDINA E VASCONCELLOS


O Portuguezes, que divinos éxthasis

Minha alma enleião!.. Que transportes vividos

Neste momento me arrebatão férvidos

Ao cume do Hélicon.


A par de Apollo, e das louçaãs Piérides, 

A fraca sombra de loureiros flóridos,

Eis manda o Nume que una vozes métricas

Aos sons da Cithara!…


Da numerosa família Medina, da ilha da Madeira, que habita em Cabo Verde, ha uma grande descendência de Manuel Alexandre de Medina e Vasconcellos e de seus irmãos Anastacio Florindo, Theodoro Justiniano, Sabina, Maria, Emiliana, e de Francisco de Paula Medina e Vasconcellos, illustre poeta.


Manuel Alexandre teve nomeação de ajudante da companhia do Terço auxiliar da villa de S. Vicente, distrito do Funchal, em 16 de novembro de 1790; por resolução régia de 24 de fevereiro de 1797 e por decreto de 14 de novembro de 1798 leve a mercê do cargo de sargento-mor commandante da ilha do Fogo, por três anos, tendo chegado à Praia em 16 de março de 1799, prestado juramento nas mãos do governador Marcellino Basto em 17 do mesmo mez e tomado posse na villa de S. Filipe da ilha do Fogo em 15 de abril d'esse ano.


Nesta ilha casou com D. Luzia Filippa de São Thiago e com ela teve quatro filhos: Joaquim Rufino, que morreu pelos anos de 1835 a 1836 em alferes; Antonio, Emygdio e Thereza deixaram filhos, que estabeleceram, de preferencia, a sua residência na ilha de S. Thiago.


Manuel Alexandre subiu os postos até coronel graduado adido ao estado maior do exército, e tendo sido reformado no posto de brigadeiro, pelo decreto de 20 de julho de 1822, nele morreu em 1826.


Exerceu os seguintes cargos de nomeação regia, além do acima dito : de ajudante de ordens do governador, com a mesma patente de sargento-mór (major), por decreto de 13 de maio de 1811; de commandante da villa da Praia, por decreto de 17 de maio de 1813; por nomeação dos governadores exerceu importantes comissões. Fôra um militar digno e honrado e por isso morreu pobre.


A viuva, num requerimento que dirigiu a el-rei, mostrando as precárias circunstâncias em que tinha ficado, sem um monte-pio para sustentar a filha e um filho menor, pois que dois já eram oficiais, impetrava-lhe para conceder o fôro de fidalgo cavaleiro com o habito de Christo aquele que casasse com a sua filha Thereza, de 14 anos de idade, em atenção aos serviços prestados pelo pai d'esta e como dotação decretada por el-rei em beneficio da mesma órfã, porque vivia amargurada de tal indigência e de maiores perigos que poderiam dar-se falecendo ela e deixando a ilha na miséria.



Não foi deferida a pretensão e a filha não foi muito feliz.


Dos irmãos de Manuel Alexandre já era capitão-comandante da companhia de infantaria de Cabo Verde em 1826 Anastacio Florindo e feitor da real fazenda, do Fogo, Theodoro Justiniano. Francisco de Paula foi casado duas vezes e teve os seguintes filhos: Cândido, que em 1826 era terceiro escriturário da Junta de fazenda, e Maria; e de D. Margarida Cassanaia, natural da Madeira, segunda mulher, teve Servulo, José, Constança, Camilla e Carolina, ignorando-se o nome de um outro filho que em Cabo Verde morreu ainda criança.


Escreveu este illustre poeta dois poemas que correm impressos: em 1806 a Zargueida e em 1819 a Georgeida. Em 1797 um livro intitulado Poesias líricas.


Um breve resumo da vida de Francisco de Medina e Vasconcelos segue:

In Elucidário Madeirense:


Francisco de Paula Medina e Vasconcelos. O conhecido autor da Zargueida, que no seu tempo gozou de grande nomeada como poeta, nasceu na freguesia da Sé desta cidade a 20 de Novembro de 1768, sendo filho de Teodoro Felix de Medina e Vasconcelos e de D. Ana Joaquina Rosa de Vasconcelos. Morreu como desterrado político na ilha de São Tiago, do arquipélago de Cabo Verde, no ano de 1824, tendo 56 anos de idade. Julgamos que é descendente deste nosso ilustre patrício, a distinta família Medina e Vasconcelos, que existe naquele arquipélago. É também oriundo de Francisco de Paulo Medina o grande poeta satírico madeirense Francisco Clementino de Sousa.


Não abundam elementos que nos habilitem a traçar com um certo desenvolvimento a biografia do poeta Medina. Por algumas das poesias contidas no seu volume Poesias Líricas, se conclui que tinha vinte anos quando se matriculou na Universidade de Coimbra, o que deve ter acontecido no ano de 1788, acrescentando que «no espaço só de dois invernos ouviu as doutas prelecções dos sábios que os arcanos explicam das ciências.» Diz o Dr. Azevedo que tendo sido Medina «desde a mocidade sectário das ideias dos filósofos do século XVIII, isso lhe originou, por 1790, o ser preso ano e meio em Coimbra, e, depois, obrigado a sair da cidade, e expulso para sempre da Universidade.» A severidade deste castigo parece indicar que sobre Medina pesavam acusações muito graves, mas que ele inteiramente repudia quando afirma que foi hum falso crime nem por mim pensado. O poeta escreveu duas Epistolas, em verso ao reitor da Universidade D. Francisco Rafael de Castro, sendo uma pouco depois da sua prisão e outra quando «já, senhor, hão passado doze luas depois que choro entre tiranos ferros», cartas destinadas a implorar a protecção do Prelado e a alcançar o seu libertamento, não se sabendo se o estro sentido de Medina comoveria as entranhas do inflexível magistrado, talvez pouco sensível aos lamurientos rogos dum pobre e desamparado estudante. É certo, porém, que poucos meses depois foi posto em liberdade, regressando à terra natal pelos anos de 1792.


A dar credito aos versos de Medina, passou ele uma vida de amarguradas atribulações, tanto na Madeira como no Continente do Reino, que teve um triste epílogo com o seu desterro para Cabo Verde. No período decorrido de 1792 a 1823, fez algumas visitas a Portugal e não sabemos se ao estrangeiro, tendo uma vez estado ausente da Madeira cerca de seis anos. Seria, por certo, durante essas mais ou menos prolongadas demoras no Continente do Reino que publicou alguns dos seus volumes de versos, que saíram a lume em Lisboa nos anos de 1797, 1805 e 1806.


Medina e Vasconcelos, que, no já citado dizer do Dr. Álvaro de Azevedo, se manifestou desde a mocidade sectário das ideias dos filósofos do século XVIII, foi também um acérrimo partidário da Constituição de 1821, sendo por isso envolvido nas redes da alçada que em 1823 veio a esta ilha (vol. I. pag. 32) proceder a uma rigorosa e vexatória devassa acerca dos acontecimentos que se deram entre nós por ocasião da proclamação do primeiro governo representativo que vigorou no nosso país. Os seis magistrados que constituíam a alçada chegaram ao Funchal a 26 de Agosto de 1823 e proferiram a respectiva sentença a 24 de Outubro do mesmo ano. Nela se diz que Medina e Vasconcelos «esquecido dos deveres da honra e de fiel vassalo, e dos vínculos que mais estreitamente o ligavam como funcionário publico, tivera o desacordado arrojo de proferir em publico gravíssimas injurias ofensivas do decoro, veneração e respeito devidos ao Trono e ás reais pessoas de suas majestades, e tão graves que se julgam indignas de se escreverem neste acórdão». Na mesma sentença se afirma que estava filiado na Maçonaria e tomava parte nos seus trabalhos, tendo notavelmente concorrido para a proclamação e estabelecimento do governo constitucional neste arquipélago. Foi condenado «em oito anos de degredo para o Estado de Angola, com inabilidade para os ofícios de Justiça ou Fazenda, e em cinquenta mil réis para o Fisco».


Medina e Vasconcelos morreu na capital do arquipélago de Cabo Verde no ano de 1824, isto é, pouco depois de proferida a sentença que o desterrara para Angola, sendo-nos desconhecidos os motivos que determinaram a alteração da pena quanto ao lugar em que deveria ser cumprida. Este nosso patrício exercia no Funchal o lugar de tabelião de notas, quando foi processado pela alçada e desterrado para Cabo Verde.


Das obras poéticas publicadas por Francisco de Paula Medina e Vasconcelos, temos conhecimento das seguintes: Poesias Líricas de Medina .. Lisboa, 1797, de 245 pag.; Sextinas Elegíacas ao sempre memorável estrago... na calamitosa aluvião do dia 9 de Outubro de 1803, Lisboa 1805, de 24 pag.; Zargueida, Descobrimento da Madeira, Lisboa, 1806, de 254 pag: e Georgeida, Londres, 1819, de XIV-215 pag.. Inocencio, no Diccionario Bibliographico Português faz ainda menção destas composições poéticas: Poesias líricas, Lisboa, 1793; Noite triste a que deu lugar a morte da Ex.ma Srª. D. Carlota Margarida. Lisboa, 1792; Noites tristes de Fileno na ausência de Marília, Lisboa, 1805; e Elegia á deplorável morte do grande e incomparável Manuel Maria Barbosa do Bocage Lisboa, 1806.


Inocêncio, num pequeno juízo crítico que faz das poesias de Medina, diz o seguinte: «como poeta lírico pertenceu à escola francesa; os seus versos são em geral sonoros e bem fabricados, e de certo não lhe faltava naturalidade. Pretendeu embocar a tuba épica; mas vê-se que esta empresa era muito superior ao seu talento, e por isso nos dois ensaios que naquele género compôs, não conseguiu elevar-se jamais além da mediocridade. Há contudo, em um e outro, episódios que não deslustram a sua musa e que se podem ler com gosto».


Das composições de Medina e Vasconcelos, foi a Zargueida a que lhe deu maior renome e ainda hoje é de todas a mais conhecida. É um poema épico em oitava rima, moldado nas formas clássicas da antiga epopeia. Divide-se em dez cantos e contém mais de cinco mil versos. Trata do descobrimento da Madeira por João Gonçalves Zargo, aproveitando o apelido do descobridor para titulo do poema. Contém uma série de interessantes episódios com algumas felizes divagações poéticas, entre as quais avulta a lenda de Machim. E somente no canto X, que se faz a descrição do descobrimento desta ilha. Precede o poema um soneto dedicado a Bocage, a que este insigne poeta respondeu com outro soneto, que é sem duvida a mais bela composição que este volume encerra.


No «Arquivo Histórico da Madeira» e no «Diário de Noticias» de 15 de Julho de 1928, encontram-se algumas informações inéditas acerca do poeta Medina e Vasconcelos.


Inocêncio III, 25: “Francisco de Paula Madina e Vasconcellos, natural da ilha da Madeira, e nascido ao que parece entre os anos de 1766 e 1770. Aos vinte de idade veio para Portugal, com o intento de seguir não sei qual das faculdades em Coimbra: matriculou-se com efeito na Universidade, porém ao fim de dois anos foi preso, por acusações que lhe fizeram de crimes (diz ele) nem pensados! Depois de ano e meio o soltaram, impondo lhe a comminação de sair de Coimbra, e não mais voltar á Universidade. Regressou então para a sua pátria, onde já estava em 1793; porém passados anos veio novamente a Portugal, donde voltou outra vez, fazendo ainda depois novas viagens. Tinha sido provido em um oficio de Tabelião publico de notas na cidade do Funchal, e ai vivia casado, e com filhos, quando em 1823 foi preso e processado pela alçada enviada á ilha da Madeira, para conhecer das pessoas, que se haviam distinguido como partidárias do governo constitucional. 


Alguns sofreram diversas penas, e a Medina coube a de degredo para Cabo-Verde por oito anos (segundo me recordo de ter lido na sentença impressa). Partiu para o seu destino, mas chegando á ilha de S. Tiago, nela faleceu pouco depois em 1824. A sr.ª D. Antónia Pussich, que ali residia então com o seu pai, Governador e Capitão general daquelas ilhas, dedicou á memória do infeliz desterrado o seguinte epitáfio, do qual provavelmente se não fez uso, mas que eu vi em um caderno de poesias autografas desta senhora, que um meu amigo possui: «Medina, cuja voz alta e sonora / Heróis cantou os feitos sublimados, / Cumprindo as leis dos carrancudos fados / Nesta campa infeliz se esconde agora.» Este poeta gozou em vida de bastante celebridade; hoje está o seu nome quase de todo esquecido, talvez com pouca razão; porque nas muitas composições que nos deixou impressas há ainda que aproveitar, na opinião de bons entendedores. Como poeta lírico pertenceu á escola francesa; os seus versos são em geral sonoros e bem fabricados, e de certo lhe não faltava naturalidade. Pretendeu embocar a tuba épica; mas vê-se que esta empresa era muito superior ao seu talento, e por isso nos dois ensaios que naquele género compôs, não conseguiu elevar-se jamais além da mediocridade. Há contudo, em um e outro, episódios que não deslustram a sua musa, e que se podem ler com gosto. Uma coisa tenho por vezes notado, e é que em todas poesias deste funchalense se não faça a menor alusão ao seu patrício e contemporâneo Nóbrega; e que nos deste igualmente se não encontre uma só palavra relativa a Medina. Este mutuo silencio prova, a meu ver, que entre os dois existia tal qual rivalidade, ou antipatia pessoal, cuja explicação seria curiosa; porém não estou habilitado a dal-a por agora”.


Algumas obras de Francisco:


Sérvulo de Paula Medina e Vasconcelos filho de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos

Um dos filhos de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos resultado do segundo casamento deste com Margarida Julia Brazão foi Sérvulo de Paula Medina e Vasconcelos que nasceu no Funchal em 1820 e morreu em Cabo Verde em 1854 para onde fora com o Governador José Miguel de Noronha.

Casou na ilha Brava com Eugenia Martins Vera Cruz (natural da Ilha da Madeira) a 19 de Fevereiro de 1849 como se ve no registo de casamento. 


Foram testemunhas do casamento João Pedro Licarno secretario geral de Cabo Verde e José Roberto da Silva.

Eugenia de Vera Cruz, ja viuva,  foi a mãe adoptiva do grande poeta Eugenio Tavares. 
Carregue aqui para ver a pagina dedicada a Eugénio Tavares.  E a certidão de nascimento de Eugenio:

 Pequena biografia de Eugenio Tavares:

A morte da mãe após o parto lança Eugénio na orfandade

No último quartel do século dezanove, a Brava foi a estância de cura e de repouso para toda a costa da Guiné e Gâmbia. Autêntico refúgio de europeus, residentes no arquipélago e na vizinha costa de África. Francisco de Paula Tavares, natural de Santarém, estabelecido na Guiné, era um abastado proprietário da região de Cacheu e Geba. Rivalidades tribais levaram a insegurança à região, roubando à família a tranquilidade do seu lar. Sua mulher, Eugénia Nozolini Roiz Tavares, encontrava-se grávida do seu terceiro filho e, agravada a sua saúde, resolveu regressar à casa paterna, na ilha do Fogo, em busca de melhoras.

Deixou o seu filho Henrique em companhia do pai levando consigo a Henriqueta de poucos anos. Na ilha do Fogo as melhoras não foram consideráveis e seguiu para a ilha Brava aos cuidados de seu primo João José de Sena, descendente de José Pedro de Sena, capitão-môr da ilha Brava. Nessa casa viria a nascer a 18 de Outubro de 1867 o seu terceiro filho a quem chamaram Eugénio de Paula Tavares. A infeliz mãe não sobreviveu às complicações do parto morrendo de febre púbica.

Quis assim o destino que a Brava fosse berço daquele que viria a ser um dos seus filhos mais dilectos, Eugénio de Paula Tavares. Caídos na orfandade, Henriqueta ficou entregue aos cuidados da família Sena, mais tarde da família Ferro Nunes e Eugénio aos cuidados da sua madrinha D. Eugénia da Vera Cruz Medina e Vasconcelos. 

A família adoptiva (Os irmãos José e Eugénia de Vera Cruz)

No seguimento do desaparecimento da sua familia, Eugénio é adoptado pelos irmãos José e Eugénia Martins de Vera Cruz. José Martins de Vera Cruz nasceu em 1828 e faleceu em 1920 na Ilha Brava. Diplomado pela escola Médica-Cirúrgica do Funchal, exerceu clínica na Ilha Brava e na Ilha do Sal. Prestou serviço na Guiné onde se distinguiu no combate à cólera e febre amarela. Por tais serviços foi distinguido com o 1º. Grau da Torre e Espada em Junho de 1870.Foi presidente da Câmara Municipal da Ilha do Sal. Reformado em 1878, no posto de Capitão-Médico, passou a viver na Ilha Brava dedicando ao Povo da Brava e às Causas Públicas todo o resto da sua longa vida. 

Presidente da Câmara da Brava e sucessivamente reeleito até 1901, idealizou todas as infraestruturas que deu à Ilha as feições que chegaram aos nossos dias.Traçou o Jardim da Praça, mais tarde Jardim Eugénio Tavares e as duas avenidas com traços de modernidade invulgar para sua época. A antiga povoação viu realizar o seu grande sonho - transformar a Povoação capital da Ilha em Vila Nova Sintra. Modificou o traçado de várias estradas sobretudo da Furna à Vila. Cavaleiro da Ordem Militar de São Bento de Aviz, possuía a medalha de Prata da classe de Comportamento Exemplar e ainda a Comenda da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo. Proprietário, Empresário e Armador dedicou toda a sua vida à causa pública.

Eugénia da Vera Cruz Medina e Vasconcelos (1826-1878) era filha de Atanasio Jose de Vera Cruz e de Isabel Caetana Correia d’Afonseca. Senhora de raras virtudes, era viúva (casaram em 1849 em Nova Sintra) do poeta madeirense Servulo de Paula Medina e Vasconcelos  (1818-1854) (filho de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos e de Margarida Julia Brazao), foi para Cabo Verde com o Governador José Miguel de Noronha. 

Eugénio Tavares confessou-lhe: 

"És a maravilha da Mulher duplamente Mãe; não mais santa mãe do fruto do seu ventre, que no sentimento da sua alma; não mais amorosa mãe dos próprios filhos que mãe sublime dos filhos alheios. 

Amo-te ó minha mãe e bendita seja a fonte inexaurida de bondade maternal que emana do teu espírito. Tudo com origem no amor, nada com origem no sangue ».


Sérvulo foi poeta e trabalhou para o Governo de Cabo Verde. Como poeta Sérvulo escreveu no Boletim Oficial do Governo Geral de Cabo Verde de 1847 um romance intitulado "A Bela Virgem do Mondego" que foi publicado em 10 episódios. Aqui vão os três primeiros episódios:








Junto seguem alguns documentos assinados por Sérvulo referentes a problemas ocorridos na Guiné:



Francisco de Paula Gomes Barbosa (irmão de José Medina Gomes Barbosa)

Irmão de José Medina Gomes Barbosa, Oficial da Armada Portuguesa, foi Governador da Guiné, nascido em 1849 em Cabo Verde, casou com Amália Gomes Barbosa,  natural do Fogo, filha de Benjamim Gomes Barbosa e de Luisa Viera de Vasconcelos. Faleceu em 1902.    
                                                               
Oficial da Armada portuguesa, foi aluno da Escola Politécnica de Lisboa e da Escola da Marinha. Assentou praça em 07/Nov/867; guarda-marinha em 01/Out/870; colocado em Cabo Verde em 14 de Junho de 1871, participou neste ano no ataque a Cacanda, Guiné, comandando uma das embarcações miúdas encarregadas de proteger as tropas que atacaram a povoação; em 1872 colocado em Angola de Fevereiro a Outubro deste ano; em 10/Ago/874 em Portugal; 2º tenente em 25/Fev/875 foi colocado em 25/Nov/875 em Moçambique de onde regressou a Lisboa em 18/Mai/877.

Foi eleito deputado pelo círculo do Sotavento de Cabo Verde e tomou posse na Câmara Electiva (Parlamento Português) em 25 de Fevereiro de 1880, cargo que exerceu até à dissolução do parlamento apresentando-se na sua unidade em 4 de Junho de 1881.

Foi reeleito deputado pelo mesmo círculo em 1881, sendo seu adversário Sebastião Magalhães Lima, o fundador do jornal lisboeta O Século, pelo que em 02/Jan/882 tomou posse do seu lugar de deputado até ao encerramento da Câmara Legislativa em 20/Jul/882. 1º tenente em 15/Mai/883; capitão-tenente em 30/Dez/884.

Foi nomeado em 14 de Março de 1885 governador da Guiné cargo que exerceu pouco tempo pois retirou-se muito doente da Guiné pelo que foi exonerado do seu cargo em 2 de Setembro de 1886, tendo-se apresentado em Lisboa a 14/Set/886.

Por Ofício de 27 de Setembro de 1886 reverteu ao posto de 1º tenente por não ter cumprido a sua comissão na Guiné. Foi comandante dos vapores "Sena" e "Queliname" e da canhoneira "Douro". Capitão-tenente (2ª vez) em 26/Dez/889; foi vogal do Conselho de Guerra (11/Out/893); colocado em comissão de serviço no Oriente Português, seguiu para a Índia Portuguesa onde foi Capitão do Porto de Mormugão (26/Fev/894); promovido a capitão de fragata em 07/Dez/895 e colocado em Moçambique como Capitão do Porto de Moçambique em 14/Dez/895; de regresso a Portugal em 1896 foi Capitão do Porto de Lagos, Algarve, (20/Mar/897) e Capitão do Porto de Nazaré (07/Out/897).

Reformado por decreto de 21 de Abril de 1898

Junto seguem alguns documentos do arquivo historico da guiné que falam de Francisco de Paula Gomes Barbosa.

Tomada de posse como Governador:
Relatório de mediação entre fulas e beafadas datado de dezembro 1885:
Relatório do ataque aos beafadas de Cobisseque em Fevereiro de 1886:
Em Abril de 1886 é feito um comunicado sobre os preparativos de guerra dos fulas e beafadas:



Theodoro Felix Medina e Vasconcelos (Pai de Francisco de Paula e de Manuel Alexandre)

Nascido em 1745 no Funchal na freguesia de Santa Maria Maior na zona de cota mais baixa e que por essa razão era a zona do Funchal mais exposta aos aluviões que muito regularmente assolavam a ilha arrastando para o mar tudo o que se encontrava pela frente. Teodoro casou-se a 27 de Abril de 1767 com Ana Joaquina Rosa soares e tiveram aparentemente 17 filhos dos quais 8 eram raparigas. Teodoro terá falecido em 1826.

Manuel Alexandre teria sido o primeiro filho de Teodoro pois teria nascido a 23 de Dezembro de 1767 um ano antes do nascimento de Francisco de Paula. A família que vivia no Funchal com um certo desafogo não fazia parte da alta burguesia mas sim de uma pequena burguesia capaz de sustentar uma tão numerosa prole. Como a ilha da Madeira era um local bastante aberto ao trafego marítimo e às ideias novas não é para admirar que os ideais dos "pedreiros livres" tenham pouco a pouco infiltrado os círculos intelectuais do Funchal. No inicio do ano 1792 a situação na Madeira era tão grave que a Inquisição publica um edital pedindo que fossem denunciados todos os crimes de heresia e de apostasia:
Na sequencia deste edital, publicado nas igrejas do Funchal a 10 de Abril de 1792,  chovem as denuncias que obviamente afectam a família Medina e Vasconcelos e a conduzem à miséria, levando a que praticamente todos os membros da família tivessem que emigrar para Cabo Verde.
 
O primeiro a emigrar para Cabo Verde foi Manuel Alexandre que para la tinha sido enviado como militar. Seguiram a partir de 1799 todos os outros membros da família nomeadamente as raparigas que no Funchal não tendo um dote para se casarem, encontraram  facilmente em São Filipe capital da Ilha do Fogo com quem se casar. Praticamente todas as uniões da família Medina e Vasconcelos foram realizadas com a abastada família Mendes Rosado que viram nessa uniões um acesso a um nível cultural e intelectual ausente da Ilha do Fogo. Os Medina e Vasconcelos livravam-se assim do abismo econômico para onde tinham caído enquanto que os Mendes Rosado beneficiavam de um capital cultural ausente no Fogo. 








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